Mais um dia, demasiado tempo. Esta folha encontra-se aqui há demasiado, mas por mais que me esforce, nada me sai.
Estou completamente em branco. Branco.
Talvez seja esse o problema.
Talvez o problema seja ter-me esforçado demais, ou simplesmente achar que eu próprio não passo de uma folha em branco. E no entanto eu tenho esta urgência, esta ânsia de sujar as mãos em tinta, negra, espessa; e necessito saciá-la, necessito serenar esta faúlha que me rasga o peito e me consome vorazmente as entranhas.
Mas como? Como? Este branco que se apresenta nem branco é...é apenas uma folha hermética, desprovida de cores; não poderá, não pode servir para matar esta incomensurável sede,
Petrificado, vejo-a partir: Move-se pesadamente, em bloco, por cima desta mesa e não consigo detê-la. Parti o aparo na vã tentativa de a estacar, cravando-a na madeira. Assim ela segue o seu rumo, fechada sobre si própria, até se perder de vista.
Estúpido. O problema está em mim, fui eu que desviei o olhar até à linha que delimita o horizonte. O papel, esse, nunca saiu do seu lugar, era de todo impossível ter ganho vida própria.
Por segurança, agarro-o com as duas mãoes e contemplo a sua geometria uma vez mais.
Engraçado, por mais que sinta, e admito: não senti muito, que há instantes os meus pensamentos incorriam no ridículo, apercebo-me que de forma alguma me deixei de sentir confinado à imensidão do espaço desgarrado em torno deste, como se realmente tivesse ficado fechado por fora.
Impossível.
Sorrio: Sim é isto...é isto. É esta clausura sem verdadeiras barreiras que me atormenta e me quebra o raciocío ininterruptamente , percebo agora que é estritamente necessária a total comunhão com este conjunto ordenado de fibras, com esta amalgama de pigmentos e torná-los meus, deixar que eles tomem sentido, apoderando-se de mim.
E a relutância? A relutância é medo, e por enquanto, não encontro espaço nem na carne nem na fibra para tamanha falta de lógica.
Hoje, punhos partem janelas como bolas de papel.
Estou completamente em branco. Branco.
Talvez seja esse o problema.
Talvez o problema seja ter-me esforçado demais, ou simplesmente achar que eu próprio não passo de uma folha em branco. E no entanto eu tenho esta urgência, esta ânsia de sujar as mãos em tinta, negra, espessa; e necessito saciá-la, necessito serenar esta faúlha que me rasga o peito e me consome vorazmente as entranhas.
Mas como? Como? Este branco que se apresenta nem branco é...é apenas uma folha hermética, desprovida de cores; não poderá, não pode servir para matar esta incomensurável sede,
Petrificado, vejo-a partir: Move-se pesadamente, em bloco, por cima desta mesa e não consigo detê-la. Parti o aparo na vã tentativa de a estacar, cravando-a na madeira. Assim ela segue o seu rumo, fechada sobre si própria, até se perder de vista.
Estúpido. O problema está em mim, fui eu que desviei o olhar até à linha que delimita o horizonte. O papel, esse, nunca saiu do seu lugar, era de todo impossível ter ganho vida própria.
Por segurança, agarro-o com as duas mãoes e contemplo a sua geometria uma vez mais.
Engraçado, por mais que sinta, e admito: não senti muito, que há instantes os meus pensamentos incorriam no ridículo, apercebo-me que de forma alguma me deixei de sentir confinado à imensidão do espaço desgarrado em torno deste, como se realmente tivesse ficado fechado por fora.
Impossível.
Sorrio: Sim é isto...é isto. É esta clausura sem verdadeiras barreiras que me atormenta e me quebra o raciocío ininterruptamente , percebo agora que é estritamente necessária a total comunhão com este conjunto ordenado de fibras, com esta amalgama de pigmentos e torná-los meus, deixar que eles tomem sentido, apoderando-se de mim.
E a relutância? A relutância é medo, e por enquanto, não encontro espaço nem na carne nem na fibra para tamanha falta de lógica.
Hoje, punhos partem janelas como bolas de papel.
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