5.10.07

Digo isto para mim mesmo: Associo tudo a todos e todos a tudo, é como a minha mente funciona, como a nossa mente funciona. Tudo funciona por associação, é assim que nos relembramos, é assim que celebramos.
Dentro dessa panóplia, os que realmente importam são aqueles que ficam marcados dentro de nós, mesmo quando desaparecem.
Minto, na verdade, estes nunca desaparecem.

E assim é: o cheiro...o cheiro foi quem me pôs aqui em primeiro lugar.

Penso agora que "cheiro" é uma palavra corriqueira, desprovida de sentido para o que vai neste turbilhão emocional, mas serve tão bem o propósito quando não queremos perder estas imagens para o esbatimento da semântica...Mesmo que daqui a cinquenta anos a minha pituitária não funcione correctamente, ou a companhia de perfumes encerre as suas milionárias portas para sempre, lembrar-me-ei sempre desse odor, associá-lo-ei sempre a estas imagens que rastilhadamente despoletam na minha mente.
Sempre esse odor, sempre esta fragância impregnada aqui, sem nunca se deteriorar com o suor que flui ou a luz difusa do exteriror que penetra por entre as cortinas; o sentimento tépido que emana do teu corpo.
E o ardor, sempre este ardor no corpo e este, também este, porque não, ardor na mente; sempre, mesmo quando a cada nova fragância aspergida no teu delgado pescoço, esta se mistura e confunda com as especiarias emanadas de cada trattoria por onde passas.

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