28.9.07

Aconteceu-me qualquer coisa; já não posso duvidar. Qualquer coisa que veio à maneira de uma doença, não como uma vulgar certeza, não como uma evidência; que se instalou sorrateiramente, pouco a pouco. A dada altura senti-me um tanto esquisito, algo incomodado, mais nada.
Tomado o seu lugar, esta coisa não mexeu mais, ficou como estava, e pude assim convencer-me de que não tinha nada, que tinha sido um rebate falso. Mas eis que começa a propagar-se.
Não acho que a "profissão" de estudante disponha para a análise psicológica. É um trabalho em que só entra em jogo com sentimentos inteiros, aos quais se dão nomes genéricos, como Ambição, Interesse. Se eu tivesse, porém, uma sombra de conhecimento de mim próprio, era agora que devia utilizá-la.
Nas minhas mãos, por exemplo, há qualquer coisa de novo, certa maneira de agarrar na caneta ou no garfo. Ou então é o garfo que tem agora uma maneira diferente de se deixar agarrar; não sei. Há bocadinho, quando ia a entrar no quarto, detive-me repentinamente, porque senti na mão um objecto frio que me chamava a atenção, como se possuísse uma espécie de personalidade. Abri a mão, olhei: era simplesmente o fecho da porta.

O melhor seria escrever os acontecimentos dia a dia. Fazer um diário para os considerar com clareza. Não deixar escapar as diferenças do promenor, os factos miúdos, mesmo quando parecem insignificantes, e sobretudo ordená-los. Tenho de dizer como é que vejo esta mesa, a rua, as pessoas e o que me rodeia, visto que foi isso que mudou. Tenho de determinar exactamente a extensão e a natureza dessa mudança.

1 comentário:

Anónimo disse...

Welcome back sweety! :)
Ai, que vou ter que vir aqui todos os dias... Que saudades que eu tinha de te ler! ;)
Beijoh*